sexta-feira, 26 de março de 2010

O Nascimento da Nat

O que eu quero é ajudar outros pais.
Já faz 1 ano que a Nat nasceu e tudo aconteceu, tantas novidades, parto prematuro, toxoplasmose, ser mãe, UTI, cirurgia, ser mãe de uma criança com necessidades especiais, mesmo que simples e temporárias, é um baque!
Mas hoje olho para trás e vejo que foi tudo tranquilo. Passamos muito bem pelas provas que Deus nos colocou e estamos aqui a um passo da resolução total do problema.
Nat nos dá tantas alegrias que esta caminhada foi prazerosa!
Foi um tanto quanto movimentado este primeiro ano, mas fizemos tudo com muito prazer e dando a ela uma vida com qualidade.

Dando continuidade ao blog, vou "começar do princípio" postando o meu RELATO DE PARTO.

"Quando soube que estava grávida busquei sempre fazer o melhor pela minha filha. Me informei bastante e busquei uma boa obstetra. Fui em 3 obstetras até chegar na Dra Julieta. Ainda bem tive esta intuição, pois devo muito a ela por estar com minha filha nos braços hoje.
Minha gravidez foi muuuuito tranquila. Enjoei bastante e só. Fiz os exames que deveria fazer, nos momentos certos, tudo com orientação da Dra Julieta.
Na 35a semana, tive que realizar uma cardiotocografia. É um exame que vê os batimentos cardíacos do bebê e foi verificado que a Natália estava em sofrimento fetal.
A médica da clínica onde realizei o exame ligou para Dra Julieta imediatamente. Meu marido e eu não percebemos a tensão, estávamos muito tranquilos, nos divertindo durante o exame.
Dra Julieta quis falar comigo e pediu que eu a encontrasse na Perinatal da Barra para me explicar tudo e verificar o exame em mãos.
Neste momento ficamos tensos, passamos em casa, buscamos meus pais e um resultado de um exame que havia feito, devido a uns gânglios que apareceram no meu pescoço na semana anterior.
Chegando na Perinatal, Dra Julieta nos explicou que eu teria que repetir aquele exame no dia seguinte mais duas vezes. Me mandou ir para casa e descansar. Antes de ir embora mostrei o tal resultado do exame de sangue. Ela verificou que eu estava com toxoplasmose. Eu fiz o IGG e o IGM conforme devemos fazer no primeiro trimestre e no início do terceiro trimestre, como todas as gestantes devem fazer. havia dado negativo. Mas apareceram um gânglios após o último exame e tive que repetir. Num intervalo de 15 dias isso aconteceu e eu peguei a toxoplasmose assim.
Na mesma hora em que a Dra Julieta viu este exame, ligou para o Dr Jofre, chefe da UTI de Laranjeiras e ela resolveu me internar. Comecei a tomar os remédios na madrugada, vindos diretamente da FioCruz.
E repeti a cardiotocografia com médicos diferentes e continuou dando sofrimento fetal.
Imaginem nossa cabeça com tudo isso. Toxoplasmose, sofrimento fetal, 8o mês de gravidez...
Eu confio muito em Deus e estava muito confiante de que daria certo. Também confio e confiava demais na Dra Julieta. Ela se mostrou muito preocupada, tive fé de que daria tudo certo. E deu.
Após a realização do terceiro exame ela já estava com sua equipe no Hospital para realizar o parto da Natália.
E foi um misto de emoções. Felicidade, preocupação, avisar a todos, coragem!
E já sabíamos que ela teria que ir para a UTI devido a Toxoplasmose, pois vários exames teriam que ser feitos.
Nat nasceu muito bem, com Apgar 9 e 10. Chorou, era linda, nos apaixonamos no primeiro segundo.
O sofrimento estava sendo causado pelo cordão umbilical que estava enrolado. 3 médicos diferentes fizeram a ultra e não conseguiram ver isto. Tudo bem, estávamos em boas mãos. Dra Julieta e sua equipe são maravilhosas, carinhosas, muito competentes!
No dia seguinte que fiquei sabendo sobre a Imperfuração anal (ou atresia ano-retal). Quando a visitamos na UTI o diretor do Hospital, Dr Maurizio nos contou pessoalmente. A palavra "má-formação" foi um baque. Fiquei sem chão. Não sabia que existia este problema. Não imaginava que bebês ficavam ostomizados. Como ia ser a nossa vida? Por quê tudo aconteceu com a gente? O que eu fiz de errado? Como contaria isso a todos os parentes e amigos? Era por conta da toxoplasmose?
Muitas perguntas, muitas emoções. E muita força!
Logo o Cirurgião, Dr Gilmar, chegou e nos explicou tudo. Não havia motivo para tal acontecimento. É um acidente de percurso, ocorre entre a 9a e 10a semana de gestação. Não tinha relação com a toxoplasmose, ainda por cima porque peguei no final da gravidez. Ele me disse que ela teria vida normal e que este problema era muito simples. Não acreditei nisso quando ele falou, obviamente, porque para mim não tinha nada de simples.
E eu me perguntava o que mais tinha por vir.
Natália fez a cirurgia e voltou muito bem. Lembro que o Enfermeiro José Antonio nos tranquilizou dizendo que a equipe médica era maravilhosa e que era Deus no Céu e eles na terra. A felicidade de estar no melhor hospital que poderia estar não tem explicação. Sempre agradeço a Deus por isso.
Ao contar para os nossos pais me lembro que disse que não queria que ninguém soubesse disso nunca, nem mesmo a Natália. Hoje em dia lembro disso rindo porque eu fazia um julgamento errado da vida que teria com a Natália. Graças a Deus ela teve uma vida normalíssima.
Busquei o melhor para ela, desde a busca incessante pela melhor bolsa, até desistir da bolsa. Pedia a Deus para me dar a melhor solução, o que lhe trouxesse melhor conforto, não importasse o trabalho. Após descobrir como usar a fralda para a higiene da ostomia foi vida nova e maravilhosa para todos nós! Me informei muito, entrei em sites americanos, busquei muita informação e foi muito bom.
Nossos amigos e parentes conforme iam sabendo sempre nos deram muito apoio, muito carinho e tratavam detudo com muita normalidade. Isso nos ajudou muito a superar. Não demoramos a superar, vivemos um período de reclusão, mas foi curto.
Sempre busquei os melhores tratamentos, conversei com muuuuitas pessoas que conheci na internet, todos me ajudaram como puderam e agradeço a todos.
Por isso venho aqui deixar meu depoimento. Porque realmente a Natália tem uma vida normal. Vai à piscina, passeia em todos os lugares que qualquer crianças passeia. É feliz ou mais feliz que qualquer outra criança. É sapeca, bagunceira, ativa, alegre, simpática, nada tirou a alegria dela de viver e a nossa alegria em receber um presente de Deus como ela é!
A ostomia e a atresia ano-retal ficam para trás, muitas vezes nem nos lembramos porque a tratamos como uma criança normal. E ela é!
Hoje em dia agradeço a Deus por ser este problema e não outro, porque já vi muitos problemas difíceis por aí nesta nossa caminhada. O que nos eu mais trabalho que a ostomia foi a Toxoplasmose, mas passo aqui em outro momento para contar.
Se você recebeu esta notícia há pouco tempo, não se desespere. Dá tudo certo! Se informe!